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booksmoviesanddreams

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Livros que morrerão comigo:

"Norte e Sul" de Elizabeth Gaskell
"O monte dos Vendavais" de Emily Bronte
"Jane Eyre" de Charlotte Bronte
"Villette" de Charlotte Bronte
"A inquilina de Wildfell Hall" de Anne Bronte
"Orgulho e Preconceito" de Jane Austen
"Persuasão" de Jane Austen
"A mulher do viajante no tempo" de Audrey Niffenegger
"Em nome da memória" de Ann Brashares
"Charlotte Gray" de Sebastian Faulks
"A casa do destino" de Susana Prieto e Lea Vélez
"De mãos dadas com a perfeição" de Sofia Bragança Buchholz
"Rebecca" de Daphne Du Maurier
"O cavaleiro de Bronze" de Paulina Simons
"Enquanto estiveres aí" de Marc Levy
"O segredo de Sophia" de Susanna Kearsley

North and South (Elizabeth Gaskell): o livro, a série

Sandra F., 13.08.11

 Lá acabei de ler 'North and South' da Elizabeth Gaskell. Um recorde. Há muito tempo que não lia um livro em tão poucos dias e com tanta avidez.

 

Não achei maçudo como achava que ia ser ao ler a versão original inglesa. Mesmo aquelas descrições dos eventospolítico-sociais, nem isso me demoveu da agradável leitura. Passou a primeiro nas minhas preferências literárias, logo seguido por 'Wuthering Heights' da Emily Bronte e 'Jane Eyre' de Charlotte Bronte.

 

A tradução (feita pela editora brasileira Landmark) não é das melhores. Certamente que se fosse uma daquelas boas traduções portuguesas (de Portugal) ainda teria ficado mais agradada. Talvez um dia, quem sabe, as nossas editoras se interessem por esta maravilhosa obra. No entanto, foi um verdadeiro prazer ler e descobrir que a versão que fizeram para televisão em 2004 é quase quase fiel ao livro. Há frases que são ditas tal como se lêm no livro e situações que são descritas tal e qual à obra.

  

Notei, contudo, algumas pequenas diferenças, especialmente na construção de personagens secundárias. Por exemplo a personagem de Nicholas Higgins é descrita no livro, inicialmente, como uma pessoa bastante brusca, desconfiada, desleixada e que gostava de afogar as mágoas na bebida. Na série nada disto é sentido excepto talvez o facto de ser desconfiado com estranhos. No entanto, a partir do momento em que Boucher se suicida e ele começa a trabalhar em Marlborough Mills, a evolução da personagem e da sua relação com Mr Thornton é tal e qual o livro, se não mais aprofundada.

 

Também a personagem de Bessy Higgins é diferente. É, na série, vista como uma rapariga doente mas com uma personalidade forte, sensível e doce enquanto que, na obra, é dada a impressão que a doença a fragilizou bastante, ao ponto de não discernir adequadamente algumas situações, principalmente espirituais. Na obra, é também mais valorizada a forte admiração que ela tem por Margareth, ao ponto de estar constantemente a pedir as suas visitas, de desejar ser enterrada com um objecto dela e algumas das suas últimas palavras terem sido para ela (além de ter pedido para que o pai não bebesse mais).

 

A relação de Margareth e do irmão é vista no livro como uma relação em que Frederick vê a irmã como uma menina ainda e a quem trata, muitas vezes, como uma criança, apesar de ter conhecimento de todas as dificuldades pelas quais passou e que lhe permitiram um amadurecimento prematuro. Devemos notar que ele era sete anos mais velho que ela. Pelo contrário, na série, pelo menos para mim, Margareth parece mais velha que ele, não fisicamente mas em termos de actuação, mais sensata e mais condutora das situações.

 

Quanto a Henry Lennox, a personagem dele é bem mais trabalhada na obra, principalmente na parte final. Nunca são notados os ciúmes de Henry relativamente a Mr Thornton e acho que ele nunca chega a aperceber-se do que se passa entre os dois.

 

No entanto, a diferença que ressaltou mais foi a de Mr Bell. Na obra, é descrito como um homem de sessenta e muitos, gordo, constantemente a dizer piadas e a brincar com as situações (tanto que chega a ser inconveniente) e que não diz que não a uma boa refeição. A sua presença, apesar de mencionada antes, só é sentida pouco antes da morte de Mr Hale e já depois de Mrs Hale falecer. Nunca chega a pedir Margareth em casamento e morre, na universidade, antes de contar a verdade a Mr Thornton sobre o irmão de Margareth.

 

Há ainda situações na série que nunca têm lugar na obra e vice-versa, apesar de certos diálogos serem comuns a outras situações. Por exemplo, a visita à Feira de Londres não acontece na obra bem como a visita de Mr Thornton a Harley Street, no final, já falido, também não acontece na série. De salientar que a personagem de Anne Latimer, possível pretendente de John Thornton, não existe no livro. Ah! E o famoso 'Look back! Look back at me!' também não existe na obra quando Margareth abandona Milton.

 

Quanto às restantes personagens (as principais), as suas actuações são tal e qual o livro: Mr Thornton, Margareth Hale, Mrs Thornton, Mr e Mrs Hale, Fanny Thornton, Edith, Mrs Shaw. Todos de parabéns. Não que as personagens cuja actuação foi alterada estivessem mal. De forma alguma.

 

Quanto ao final... Nunca fui grande admiradora do final da série na estação de comboios. Mas o final do livro é, como se sabe, bastante apressado e por isso também pouco aliciante. Gostaria que a autora tivesse tido oportunidade de o desenvolver e torná-lo mais entusiasta e consistente. Mas, tarde demais. Elizabeth Gaskell já se foi e resta-nos a nossa imaginação se queremos tornar essa cena mais bonita.  

 

Conclusão:

Um livro a reler. Uma série a rever pela bilionésima vez. 

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