"Norte e Sul" de Elizabeth Gaskell
"O monte dos Vendavais" de Emily Bronte
"Jane Eyre" de Charlotte Bronte
"Villette" de Charlotte Bronte
"A inquilina de Wildfell Hall" de Anne Bronte
"Orgulho e Preconceito" de Jane Austen
"Persuasão" de Jane Austen
"A mulher do viajante no tempo" de Audrey Niffenegger
"Em nome da memória" de Ann Brashares
"Charlotte Gray" de Sebastian Faulks
"A casa do destino" de Susana Prieto e Lea Vélez
"De mãos dadas com a perfeição" de Sofia Bragança Buchholz
"Rebecca" de Daphne Du Maurier
"O cavaleiro de Bronze" de Paulina Simons
"Enquanto estiveres aí" de Marc Levy
"O segredo de Sophia" de Susanna Kearsley
Gostei muito deste filme. Sem ser um caso de sucesso, e pacato demais para agradar a todos, Take this waltz tem uma história que, apesar de não ser nova, está contada de uma forma muito bonita e atrativa. E deve ter sido a primeira vez que a tradução do título para português foi mais adequada que o próximo título original: Entre o amor e a paixão define completamente aquilo que é a história do filme.
Margot (Michelle Williams) é uma jovem mulher que vive um casamento de cinco anos feliz e estável com Lou (Seth Rogen), um escritor de livros de culinária. Trabalha como escritora free-lancer e mora numa casa agradável em Little Portugal, Toronto, Canada. Pessoalmente, não acho que ela seja feliz como dizem as resenhas do filme. Acho que tem um casamento acomodado, com amor sim, mas sem paixão e sem grandes emoções. O marido evidentemente gosta muito dela e ela dele, mas há algo ali que não a satisfaz e que a faz perder o olhar muitas vezes, deixando-se levar pela melancolia e tristeza. Ele mostra-se muitas vezes desinteressado e pouco falador, e especialmente alheio a toda a apatia de Margot, tomando-a como certa, a ela e ao seu amor. Não deixa contudo de ser atencioso e brincalhão. Ou seja, deixou de trabalhar a relação e ela ressente-se um pouco com isso.
Portanto, não é de estranhar que Margot ponha o seu casamento em causa quando, numa viagem de trabalho, conhece Daniel, um artista descontraído e bonito com quem inicia uma estranha relação de atração mútua. Digo estranha porque, depois de descobrirem que moram quase em frente um do outro, os seus encontros são breves mas carregados de emoção, e no entanto nunca, mas nunca se tocam (é o caso da cena da piscina). Contudo, Margot sente-se cada vez mais necessitada de atenção e de paixão e Daniel, apaixonado por ela, consegue enredá-la cada vez mais naquela estranha espiral de paixão e romance.
Não gosto muito da Michelle Williams mas gostei dela como Margot. Tem uma gargalhada que nos contagia (a cena da aula de hidroginástica na piscina e aquela onde Daniel lhe confessa o seu amor são hilariantes porque ela consegue pôr-nos mesmo a rir com ela). Luke Kirby, o ator que interpreta Daniel tem também um riso fenomenal que, não contagiando, prima por ser sexy e masculino (um pouco como ele). Ainda me pergunto onde têm andado a esconder aquele homem este tempo todo!
A cena que mostro abaixo é de nos deixar arrepiadas (sim, só as mulheres); aquele olhar e aquele sorriso são de tirar a respiração. O homem conseguiu mesmo fazer amor com ela sem a tocar sequer; só com o olhar e as palavras. E, apesar de ter sido um pouco erótico demais para uma cena romântica, termina com um sincero 'I love you!' que derrete qualquer espécimen feminino. O vídeo não mostra a cena toda, por isso é aconselhável que mentes mais curiosas vejam o filme. Vai valer muito a pena, acreditem.
Margot: Como nada disto vai acontecer, posso marcar um encontro contigo?
Daniel: Que tipo de encontro?
Margot: Um encontro para te beijar.
Daniel: O meu horário é flexível.
Margot: Pode ser daqui a trinta anos?
Daniel: Trinta anos?!?!
Margot: Gostava de te encontra no farol em Louisbourg. Quero beijar-te lá. Terei 58 anos, não sei que idade terás...
Daniel: Terei 59...
Margot: Gostava de te ver lá, neste dia, a esta hora; no dia cinco de Agosto de 2040. E gostaria de te beijar. Até lá sou casada. Mas depois de trinta e cinco anos de fidelidade ao meu marido, acho que terei ganho o direito a um beijo teu.
E depois tem esta ideia fenomenal e que eu achei linda. Na impossibilidade de viverem o seu amor, ela sugere-lhe que se encontrem dali a trinta anos. E, um dia, Daniel, vendo que não consegue tê-la, parte e deixa-lhe um cartão com a fotografia do farol e atrás a inscrição da data em que se encontrarão dali a trinta anos, mostrando assim que não desistiu dela para sempre. É lindo e Margot também deve ter achado porque, a partir daí, a história muda completamente.
No fundo, a história trata do cansaço e da rotina das relações longas e de como muitas mulheres sentem a falta da paixão dos primeiros tempos. Margot é uma mulher que precisa desse redemoínho de emoções, precisa da tontura e do delírio de se encontrar apaixonada; precisa do friozinho constante na barriga. A cena do carrocel demonstra isso mesmo.