Jane Eyre (1996)
A história de Jane Eyre escrita por Charlotte Bronte em 1847 é já sobejamente conhecida por quase toda a gente. A história de uma orfã repudiada pelos seus únicos familiares que é atirada para uma instituição de caridade ainda criança e que, mais tarde, começa a trabalhar como governanta para o rico e conturbado senhor de Thornfield Hall. Não me entendam mal. Parece uma descrição menor do livro mas, para que conste, sou uma fã incondicional da história e considero-a como uma das melhores obra jamais escritas e existentes na literatura.
Há dias, revi essa primeira adaptação que vi. Instigada por alguém que disse que o William Hurt era um dos piores Rochesters de sempre, tive de rever e reformular a minha opinião. Devo dizer, no entanto, que quando vi pela primeira vez este filme, o que me encantou não foi o Rochester e sim a história em si, o ambiente, a intensidade da história e o envolvimento das duas personagens principais (que sei hoje que pode ser muito melhor). Só nestas versões mais actuais é que percebi a grande sensualidade e poder que pode ter um homem como Edward Fairfax Rochester. Por isso foi que, ao rever esta versão de 1996, dei comigo até incomodada com a actuação de William Hurt. E não só.
Não posso em consciência criticar negativamente este filme que, segundo me apercebo, não foi largamente aclamado. Confesso que teve os seus momentos bons e outros menos bons. Ignorar totalmente a última parte da obra, aquela onde Jane se refugia e se perde nas charnecas e em que encontra refúgio em casa dos Rivers, é inadmissível. Não gostei também da actuação de quem interpreta Mrs Fairfax (Joan Plowright); pareceu-me demasiado curiosa, coscuvilheira e espevitada. Mas não posso deixar de pensar que, para mim, a Mrs Fairfax perfeita é a de Judi Dench e secalhar, inconscientemente, comparei-as. E a primeira saiu a perder. Depois temos o Rochester de William Hurt. Alguém comentou comigo que mais parece um bêbedo e que nada tem de Rochester. Concordo. Parece estar sempre com um copo na mão (mesmo em situações em que a obra não menciona isso) e com um ar tão ébrio que os olhos chegam a trocar-se-lhe e a voz a atropelar-se. Tem os seus momentos bons, claro (por exemplo na cena da proposta de casamento mas... desde que se levanta porque quando estava sentado a fumar... Deus nos livre!). Mas os maus são tantos que nem dá para valorizar aqueles que são aceitáveis.
Quanto ao resto do filme, nada acrescento. Adorei a banda sonora. E gostei muito da representação de Jane Eyre feita pela Charlotte Gainsbourg (excepto do sotaque francês) e de todas as outras. Os cenários são maravilhosos como sempre. E fiquei a saber que Haddon Hall foi pela primeira vez aqui usada para representar Thornfield Hall. Foi desde esta versão que esta propriedade ficou associada à obra de Jane Eyre e todas as outras versões feitas posteriormente a usaram como a casa de Mrs Rochester. Facilmente se reconhecem cenários usados em outras versões.
Para mim, no entanto, esta versão é especial pois foi a primeira que vi e ainda hoje recordo do quanto gostei da história. E do quanto continuarei a gostar.