Sweet November (2001)
De vez em quando, temos oportunidade de rever filmes já distantes no nosso pensamento mas que, repentinamente, nos fazem abrir um sorriso de orelha a orelha tal é a beleza da história. "Sweet November" é caso para isso.
"Doce Novembro" é um "remake" baseado num filme de 1968. Nesta versão, Charlize Theron é Sara, uma mulher de espírito livre que se cruza no caminho do executivo Nelson (Keanu Reeves). Nelson é um “workaholic” que deseja apenas ser deixado em paz para continuar com a sua carreira promissora no campo da publicidade. Contudo, Sara oferece-lhe um acordo pouco convencional: viverem juntos durante um mês, sem laços profundos; em troca ela ajudá-lo-á a ser um novo homem. Intrigado pela proposta, Nelson aceita, acabando por encontrar em si coisas que ele nem imaginava ter ou sentir. Conforme essa mudança ocorre, Nelson percebe o que tem perdido por colocar a sua carreira no centro da sua vida. Entretanto nada é tão fácil quanto parece e Nelson descobre que Sara também tem seus segredos.
O filme não teve uma boa recepção, seja a nível internacional ou nacional. Classificado como um filme de mulheres talvez pela sentimentalidade expressa, é encarado por uns como excelente e por outros como largamente dispensável. Ninguém deixou, contudo, de notar a excelente interpretação de Charlize Theron que, lindíssima, nos transmite a emotividade e sofrimento de uma mulher, nos seus últimos dias, a querer viver a vida ao máximo. Já Keanu Reeves viu a sua interpretação ser demasiado criticada; dizem que não tem jeito para estes filmes e sim para Matrixs e afins. Eu gosto dele. Depois deste ainda fez "A casa da Lagoa" e pensou ter melhorado um pouco dentro do género dramático/romântico. Acho que o principal problema dele são as mãos. Os gestos que faz são demasiado dramáticos e impulsivos. Alguém lhe devia treinar e controlar o manuseamento manual em cena. Porque as capacidades interpretativas dele são boas, penso eu.
A banda sonora do filme não pode passar sem uma referência positiva. Os temas interpretados por Enya ("Only time" é soberbo) são agradáveis e subtis, uma mistura explosivamente sentimental, que ajuda a demonstrar como duas personalidades completamente opostas acabam por ser inteiramente complementares.
Não se pode deixar ainda de referir a fotografia do filme. Filmado na cidade americana de São Franscisco, o visual colorido e bem cuidado da cidade dá uma riqueza ainda maior à história.