A pesca do salmão no Iemén (2011)
Confesso que quando vi, há poucos dias, que ia estrear este filme nem valorizei muito. Só o título por si só pareceu-me tedioso e, não sei bem porquê, associei a um género de documentário ou daqueles filmes demasiado parados.
À porta do cinema (o filme que queria ver estava erradamente noticiado na internet), entretive-me a procurar outra solução. Foi quando os meus olhos descobriram o cartaz deste filme: comédia inglesa do ano, actores britânicos que gosto, realizador de confiança.... vamos experimentar!
Adorei! Foi um dos melhores filmes que vi ultimamente no cinema!
A história gira em torno de uma mulher que vai ajudar um Sheik a construir um viveiro de salmão inglês no Iémen com a ajuda de um cientista bastante introvertido do Departamento de Agricultura e Pescas. O objectivo do Sheik passa por trazer a cultura do salmão ao seu país natal e proporcionar aos seus habitantes a prática do desporto a que ele se dedica na sua propriedade na Escócia: a pesca do salmão, além de estimular uma das únicas atividades em que todos, independentemente da classe social, poderiam participar de igual para igual, lado a lado à beira do rio.
Todo esse facto é aproveitado pelo governo inglês, desesperado por ter boas notícias daquela região, ao mesmo tempo que as relações amorosas dos envolvidos vão sendo postas em causa. O filme conta com os atores Ewan McGregor, Emily Blunt e Amr Waked nos principais papeis (magnifícos). Tem ainda Tom Mison (Mr Bingley em Lost in Jane Austen) e Rachel Sterling. Esta última interpretou (e muito bem!)a namorada de Hugh Grant em Love Actually mas aqui vêmo-la muito diferente. Quanto a Ewan McGregor, continuo sempre à espera que ele comece a cantar 'Come What may' do filme Moulin Rouge...
Felizmente, este filme foi baseado num livro. Coisas boas destas normalmente são baseadas em livros! Escrito pelo inglês Paul Torday e publicado em 2008, o livro lembra, em muitos aspectos, os romances epistolares, pois é feito de cartas, e-mails, páginas de diário, relatórios da Câmara dos Deputados na Inglaterra (House of Commons), programas de entrevistas e até emails relacionados com a Al Qaeda fazem parte dessa “pilha” de documentação que conta a história.
É um livro construído como uma sátira aos governos, a toda a burocracia governamental inglesa, mas que com pequenos ajustes é universalmente insana. O projecto de se fazer a pesca do salmão – um peixe de água doce muito fria– no Iémen, um país no deserto, é considerado desde o primeiro capítulo como uma loucura, um projecto sem viabilidade. Mas, por razões diversas e principalmente para favorecer o primeiro-ministro, este projecto começa a crescer e toma vida própria. Não só cresce como se torna um projecto imprescindível para o governo inglês. E ganha mais combustível ainda quando Alfred Jones, o herói da história e um cientista do Departamento de Pesca do governo, que é contra o projecto, se vê frente a frente e seduzido pela filosofia do sheik em questão. O resultado é imprevisível, acreditem.