"How does that happen?"
Não sei porquê mas são estas as palavras que me vêm continuamente à mente. São palavras de um personagem por mim muito querido.
É mais uma daquelas noites absurdas de insónia em que só consigo pensar na injustiça daquela situação. Culpa minha, sei-o bem. Culpa minha e só minha por me ter deixado envolver por uma situação destinada ao fracasso, desde o início. Não havia rumo possível, sei-o. O único rumo foi mesmo o desfecho que teve. Dificilmente poderia ter existido outro.
Meu Bom Deus! Como é possível algo assim? Acho que nunca nada me soou tão injusto em toda a minha vida e Tu sabes, melhor que ninguém, que a minha vida nunca foi fácil. Mas sempre aceitei tudo; chorei muito, passei por situações que poucos conhecem e mesmo assim, no final, aceitei tudo como parte da vida, como um desafio que ultrapassei, com sequelas em vários níveis, mas um desafio ultrapassado.
Não isto!
Isto era a minha recompensa. A única recompensa que sempre quis, com que sempre sonhei! Foi injusto da Tua parte (desculpa...) teres-me negado isto quando finalmente o encontrei e senti que afinal existe.
Choro pelo desabafo. Não pela situação terminada e resolvida cá dentro. Há coisas que simplesmente não têm de acontecer ou sequer fazer sentido. Mas Tu deste-me a provar e quase logo de seguida retiraste-mo. Foi como roubar um doce a uma criança! Um doce nunca provado mas que sempre esperei existir.
Conheces-me melhor que ninguém. Sabes entender coisas minhas que nem eu entendo. Porquê retirar-me uma coisa assim? Que injustiça! Sabes que eu merecia.
Desisto de esperar. Tal não voltará a acontecer. Não deixarei. O meu eu não deixará. Dificilmente acontecerá novamente. Esperei trinta e três anos da minha vida para me sentir assim. E, no final, foi apenas uma desilusão, daquelas difíceis de suportar e de ultrapassar. Mas já lá vai. Isto é a falta de sono a falar, a idiotice própria de quem espera o sono, de quem escuta o mundo adormecido lá fora e se sente como a única pessoa acordada.
Devo agradecer-te.
Obrigada.
Apesar do final, mostraste-me que tal existe; que é possível agir, sentir e ser assim. Provaste-me que existe fora da minha mente e da minha imaginação. Mas não é para mim, pois não? Tudo bem. Aceito. Mas apenas porque me deste fé neste mundo e nas pessoas que nele habitam. E há males piores que esse. E eu só te posso agradecer por tudo aquilo que tenho, que é Muito.E agradecer-te muito especialmente pela minha tranquilidade interior e pela minha paz de espírito. Lembro-me de Te ter pedido isso veementemente; Lembro-me de Te ter pedido aquilo com veemência também. Tu escolheste o mais benéfico e completo para mim. E agradeço-te, Meu Bom Pai e Amigo. E agradeço a esse bom anjo que zela por mim, junto de ti, sentado num banco de jardim, risonho e amigo, guiando-me e confortando-me. Obrigada aos dois.
Obrigada a Ti, Meu Bom Deus!
Obrigada, meu anjo!